O avistamento do maior felino da América em território arhuaco indica as boas condições nas que está este ecossistema. Pelas armadilhas fotográficas instaladas neste corredor biológico também foi possível apreciar o mutum-de-bico-azul e maracajá.
Com ajuda dos Mamos, que permitiram colocar em território arhuaco o sistema de armadilhas fotográficas, foi possível registrar este jaguar na Serra Nevada de Santa Marta. Foto: ISA.
Por primeira vez foi registrada a presença de um jaguar na Serra Nevada de Santa Marta. O maior felino da América, que está classificado como uma espécie quase ameaçada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), foi observado na zona rural do município de Valledupar.
Graças à instalação de um moderno sistema de monitoramento, composto por 24 armadilhas fotográficas, em uma área total de 70.000 hectares, foi possível caracterizar o corredor biológico e espiritual do jaguar no território arhuaco.
Além das armadilhas fotográficas, também foi possível evidenciar a presença de jaguares na zona, graças às suas marcas. Foto: ISA.
O registro deste jaguar macho adulto é uma descoberta de grande relevância na região, tendo em conta que os estudos de conservação de felinos indicam que a região Caribe é uma das áreas do país com maiores dificuldades para a conservação destas espécies de grandes felinos, e talvez uma das que apresenta maior incidência na mortalidade de espécies, causada por camponeses, fazendeiros e comunidades.
«Com esta primeira etapa de diagnóstico e formulação de uma iniciativa de conservação, que fará parte do portfólio geral de projetos do programa Conexão Jaguar, buscamos implementar ações de preservação e gestão sustentável das florestas em uma área preliminar de 17.000 hectares para proteger a biodiversidade, contribuir com a mitigação da mudança climática e gerar benefícios para as comunidades rurais no território cultural e sagrado”, manifestou Juan Fernando Patiño Díez, líder do programa Conexão Jaguar, iniciativa liderada pela ISA e ISA Intercolombia, e desenvolvida pela Fundação Herencia Ambiental Caribe, que busca, junto com a comunidade arhuaca, formular um projeto de conservação na Serra Nevada de Santa Marta, também com o apoio de seus aliados técnicos, South Pole e Panthera.
Os indígenas e camponeses da região foram capacitados sobre a importância destes felinos para o ecossistema. Foto: ISA.
As armadilhas fotográficas também evidenciaram o aparecimento do mutum-de-bico-azul (Crax Alberti), uma espécie endêmica e em risco crítico de extinção, assim como o maracajá (Leopardus wiedii), considerada uma espécie quase ameaçada.
É importante lembrar que no ano 2003, a ISA reconheceu os arhuacos como seus interlocutores legítimos, para desenvolver um processo de participação efetiva na gestão ambiental e social da construção da linha de transmissão Bolívar-El Copey-Ocaña-Primavera 500 kV. Este projeto passou por um processo consultivo com a comunidade indígena, onde as autoridades tradicionais realizaram jornadas de diálogo, com o propósito de transmitir à empresa aspectos fundamentais da Lei de Origem e proteção de lugares sagrados que estão interconectados neste território.
Com a ajuda dos Mamos, foi possível caracterizar o corredor biológico e espiritual do jaguar no território arhuaco. Foto: ISA.