Na região onde é desenvolvido o projeto há espécies endêmicas deste país, como o barrigudo andino e o tucano del Huallaga (Aulacorhynchus huallagae), animais em risco crítico de extinção. Esta região é conhecida como parte das yungas peruanas, uma das eco regiões mais importantes mundialmente por seus níveis excepcionais de biodiversidade, expressados na alta riqueza de espécies e registros de animais que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta.
Conexão Jaguar, o programa de sustentabilidade que a ISA, suas filiais e aliados técnicos, South Pole e Panthera desenvolvem para contribuir com a conservação da biodiversidade, a mitigação da mudança climática e a conectividade dos hábitats naturais do jaguar na América Latina, começou a desenvolver seu primeiro projeto fora da Colômbia. Trata-se de um projeto do tipo REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação dos Bosques), denominado “Projeto REDD+ Concessão para Conservação Alto Huayabamba (CCAH)”, localizado no departamento de San Martín, Peru, e administrado pela Associação Amazônicos pela Amazônia (AMPA). Lá são conservados aproximadamente 144.000 hectares, que beneficiam as famílias da região por meio da participação comunitária e a implementação de ações que ajudam a melhorar suas condições de vida.
A importância deste projeto está na conservação dos “bosques montanos”, conhecidos como yungas peruanas[1], que fazem parte das 15 eco regiões do Peru, garantindo a proteção de sua biodiversidade, os bosques e a água, representada no nascimento do rio Huayabamba, que é de vital importância para o abastecimento da comunidade de San Martín. “Especificamente na região onde é desenvolvido o projeto, está confirmada a presença de 15 espécies endêmicas de fauna, entre elas oito aves, quatro anfíbios, um réptil e dois mamíferos. Quanto aos mamíferos, foi registrado o barrigudo andino (Oreonax flavicauda) e o macaco-da-noite-de-pescoço-vermelho (Aotus miconax), espécies catalogadas pela UICN como sendo de risco crítico (CR) e vulnerável (VU) à extinção, respectivamente. Também há outras espécies em estado vulnerável no país, como o urso-de-óculos (Tremarctos ornatus), a pacarana (Dinomys branickii) e o pudu andino (Pudu mephistophiles). Adicionalmente, esta região faz parte fundamental de dois corredores para a conservação de fauna do Peru”, explica Juan Fernando Patiño Díez, líder técnico do Programa Conexão Jaguar.
Na etapa inicial do projeto, foi realizada a consulta local liderada por South Pole, na qual a comunidade foi instruída sobre três assuntos fundamentais: a importância do projeto para a proteção da biodiversidade e a mitigação da mudança climática por meio da conservação do carbono armazenado nas florestas; a socialização do processo de validação e verificação do projeto com os padrões internacionais Verified Carbon Standard (VCS, por sua sigla em inglês) e Clima, Comunidade e Biodiversidade (CCB), para a certificação de redução de emissões e os demais benefícios sociais e ambientais associados, respectivamente.
A comunidade também conheceu o processo de instalação de armadilhas fotográficas que permitem o estudo e monitoramento da biodiversidade presente na região. Durante este exercício, foram registradas as digitais de quatro espécies de mamíferos: urso-de-óculos (Tremarctos ornatus), puma (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis) e o caititu (Pecari tajacu). “O registro dos rastros no campo oferece sinais muito promissores para os resultados do inventário de biodiversidade. Encontrar digitais, fezes e marcas nas árvores, indica que estes animais estão presentes no território e com a instalação das armadilhas fotográficas aumentamos a probabilidade de registrar animais crípticos e de difícil observação direta no campo”, relata Ricardo Ortiz, pesquisador de Panthera.
Para o ano 2030 o Programa estabeleceu a meta de conservar 400 mil hectares na América Latina, através de 20 projetos priorizados e a redução de 9 milhões de toneladas de CO2. Com este objetivo, Conexão Jaguar abre uma vez por ano a convocatória de projetos florestais na Colômbia, Peru, Brasil, Chile e Bolívia. Este ano, realiza sua segunda edição, que estará aberta até o próximo dia 21 de outubro. Para inscrições e mais informação, consulte conexionjaguar.org.
[1] As yungas do lado oriental dos andes peruanos, têm um importante valor ecológico, contendo uma alta biodiversidade, com 39 das 65 espécies endêmicas do país, ou seja, aproximadamente 60%.